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Categoria: Mundo Científico

humanos gostam mais de cães do que de pessoas ethos animal comportamento 01

Pesquisas confirmam que humanos gostam mais de cães do que de pessoas

Notícias de jornal que narram atos violentos contra mascotes geram mais comoção que as que envolvem seres humanos adultos

Um artigo científico acaba de confirmar o que todo mundo já sabia: na média, humanos gostam mais de cães que de outras pessoas. Principalmente se o bichinho for um filhote de olhos bem grandes.

 

Psicólogos da Northeastern Universtity, em Boston, nos EUA, distribuíram quatro notícias falsas, supostamente publicadas no Boston Globe, a 256 estudantes de graduação voluntários. Os relatos tinham protagonistas diferentes: um adulto na faixa dos 30, um bebê de um ano, um cãozinho recém-nascido e um cachorro mais velho, com seis anos de idade. Todos eram encontrados gravemente feridos após uma sessão de espancamento com um bastão de beisebol. Leia um trecho: “De acordo com as testemunhas presentes no local, um ataque particularmente cruel envolveu um filhote de um ano de idade que foi golpeado com um taco de beisebol por um atacante desconhecido. Chegando ao local do crime alguns minutos após o ataque, um policial encontrou a vítima com uma perna quebrada, lacerações múltiplas e inconsciente. Ninguém foi preso.”

 

Após a leitura, os participantes eram orientados a indicar, de acordo com uma escala, o grau de empatia que sentiram por cada uma das vítimas. Resultado? O bebê humano, o bebê canino e o cão adulto despertaram todos mais piedade que o humano adulto – e a comoção foi maior entre mulheres que entre homens.

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Foto: Onbeing . org | Será que os humanos gostam mais de cães do que de pessoas

A explicação é simples: a violência parece menos justificável quando a vítima é um ser indefeso, como um bebê ou o cachorro. Mesmo que o adulto não pudesse ter se defendido na situação narrada, nós ainda o encaramos como um ser consciente e autônomo, que (pelo menos em teoria) teria mais chances de se defender.

Segundo os próprios autores, a inspiração para a pesquisa veio após um caso real, ocorrido no estado norte-americano do Arizona em 2014. Um garoto de quatro anos foi atacado violentamente por um cão de grande porte, e precisou passar por delicadas cirurgias de reconstrução facial. Uma campanha para ajudá-lo alcançou cerca de 500 seguidores no Facebook. Já uma página criada por ativistas para evitar que o cão responsável pelo ataque fosse sacrificado alcançou 40 mil pessoas em pouco mais de uma semana.

Dito isso, é sempre bom lembrar que, na média, o ser humano não tem um bom histórico de relações com os animais. Na conclusão, os pesquisadores afirmam que a descoberta servirá justamente para criar campanhas de prevenção contra maus-tratos mais eficientes – que comovam usando filhotes simpáticos em vez de cenas de agressão apelativas. “Ao enfatizar a vulnerabilidade, em vez de focar na exposição à violência e agressão, programas inovadores podem revolucionar a prevenção de casos de abuso de animais.” Testes futuros terão as raças de cachorro especificadas e envolverão animais de outras espécies.

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Fonte: sciencenews . org | A ciência vem confirmando que humanos gostam mais de cães do que de pessoas
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Fonte: SuperInteressante, 06.11.17 – Bruno Vaiano

Mini Curso Comportamento Canino na Semana Temática da Biologia IB-USP

Mini Curso Comportamento Canino Etologia Ethos Animal
Prof. Helena Truksa (à direita), sua assistente Luiza Wolbert e o cão Lucky, em aula sobre comportamento e aprendizagem em cães, no IB-USP.

Nossa fundadora, a Bióloga Helena Truksa foi convidada a ministrar um mini Curso durante a 20a Semana Temática da Biologia, no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP).

Nos dias 3 e 4 de Outubro (2017), Helena conduziu o Mini Curso intitulado ” Introdução ao Comportamento, Bem-estar e Aprendizagem em Cães (Canis familiaris), abordando desde as prováveis origens da espécie até as mais recentes descobertas científicas no âmbito da etologia aplicada e cognição canina.

O tema, altamente atual, foi amplamente debatido durante as aulas, onde houve ativa participação dos alunos através de comentários ou questionamentos.

No segundo dia de curso, além da teoria, tivemos também uma parte prática com demonstrações de aprendizagem e cognição em um cão (nosso “sujeito experimental”, o Lucky).

Agradecemos à equipe organizadora do evento e ao IB-USP pela oportunidade de estarmos presentes durante a 20a Semana Temática da Biologia e esperamos poder colaborar novamente na próxima edição!

Instituto de Biociencias IB-USP mini curso comportamento canino semana temática da biologia ethos animal helena truksa 12
Slide inicial do curso.

A Ethos Animal está disponibilizando este mesmo curso ao público interessado, e as datas serão divulgadas em breve aqui em nosso site.

Acompanhe os próximos eventos e fique por dentro, clicando aqui.

Resumo do programa do curso, divulgado no site do Instituto de Biociências, IB-USP. Helena Truksa Ethos Animal
Resumo do programa do curso, divulgado no site do Instituto de Biociências, IB-USP.

Algumas imagens do evento…

Como a evolução transformou os gatos em animais solitários ethos animal helena truksa comportamento animal felino

Como a evolução transformou os gatos em animais solitários

Quão difícil pode ser domar um gato? Pergunte a Daniel Mills, professor de Veterinária comportamental na Universidade de Lincoln (Reino Unido). Em um estudo recente, Mills e sua colega Alice Potter comprovaram de modo científico o que já se sabia na prática: gatos são mais autônomos e solitários do que os cachorros.

Para os gatos, os benefícios da vida em grupo não compensam ter que dividir comida
Para os gatos, os benefícios da vida em grupo não compensam ter que dividir comida

Foto: Pixabay / BBCBrasil.com

Apesar de envolver a já famosa reputação dos gatos, executar essa pesquisa foi mais difícil do que poderia parecer.

“Eles são complicados se você quer que façam algo de uma certa maneira”, diz Mills. “Eles tendem a fazer o que querem.”

Donos de gatos do mundo inteiro irão concordar. Mas por que exatamente os gatos são tão relutantes em cooperar, seja entre si ou com humanos? Ou, perguntando de outra forma, por que tantos outros animais – domésticos ou selvagens – têm espírito de equipe?

Problemas de comportamento em gatos? Agende uma Consulta Comportamental! Saiba mais clicando aqui.

A vida em grupo é comum na natureza. Pássaros formam bandos e peixes, cardumes. Predadores frequentemente caçam juntos. Até mesmo o leão, parente do gato doméstico, vive em grupo.

Para as espécies que são caçadas por outras, obviamente há uma estratégia de maior segurança em um bando. “Chama-se efeito de diluição”, diz o biólogo Craig Packer, da Universidade de Minnesota (EUA).

“Um predador só consegue matar um, e se há cem da mesma espécie isso reduz as chances de cada um deles ser pego para 1%. Mas se você estiver sozinho você será escolhido 100% das vezes.”

Zebras atravessam rio em grupo na África
Zebras atravessam rio em grupo na África

Foto: Alamy / BBCBrasil.com

Animais em bando também se beneficiam do efeito “muitos olhos atentos”: quanto maior o grupo, é mais provável que alguém perceba um predador se aproximando. “E quanto mais cedo você detectar o predador, mais tempo tem para iniciar a fuga”, diz Jens Krause, da Universidade de Humboldt em Berlim, Alemanha.

Essa vigilância coletiva traz outras vantagens. Cada um pode gastar mais tempo e energia procurando por comida. E não se trata apenas de evitar predadores. Animais que socializam em grupos não precisam perambular em busca de companheiros, o que é um problema para espécies solitárias que vivem em territórios amplos.

Uma vez que se reproduzem, muitos animais que vivem em grupo adotam a máxima “é necessária uma aldeia inteira para criar uma criança”, com os adultos trabalhando em equipe para proteger ou alimentar os mais novos.

Em várias espécies de pássaros, como a zaragateiro-árabe de Israel, os pequenos permanecem em grupos de familiares até que eles estejam prontos para procriar. Eles dançam em grupo, tomam banho juntos e até trocam presentes entre si.

Princípio ‘Volta da França’

Viver em grupo também poupa energia. Os pássaros que migram juntos ou os peixes que vivem em cardumes se movimentam com mais eficiência do que os mais solitários.

É o mesmo princípio que os ciclistas da Volta da França utilizam quando formam um pelotão. “Os que estão mais atrás não precisam investir tanta energia para atingir a mesma velocidade de locomoção”, diz Krause.

Como pinguins e morcegos podem atestar, a vida pode ser mais calorosa quando se vive cercado de amigos.

Os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) se agrupam para suportar o frio
Os pinguins-imperadores (Aptenodytes forsteri) se agrupam para suportar o frio

Foto: Alamy / BBCBrasil.com

Com tantos benefícios, pode parecer surpreendente que qualquer animal rejeite seus companheiros. Mas, como os gatos domésticos demonstram, a vida em grupo não é para todos. Para alguns animais, os benefícios da coletividade não compensam ter que dividir comida.

“Chega a um ponto em que se alimentar com outros indivíduos com grande proximidade reduz a sua quantidade de alimento”, diz John Fryxell, biólogo da Universidade de Guelph, no Canadá.

Um fator-chave para essa decisão é ter alimentação suficiente, o que depende de quanta comida cada animal precisa. E os gatos têm um gosto caro. Por exemplo, um leopardo come cerca de 23 kg de carne em poucos dias. Para gatos selvagens, a competição por alimentos é cruel, e por isso leopardos vivem e caçam sozinhos.

Há uma exceção à regra de felinos solitários: leões. Para eles, é uma questão territorial, diz Packer, que passou 50 anos de sua vida estudando os leões africanos. Alguns locais da savana têm emboscadas perfeitas para a caça, então controlar esse lugar resulta em uma vantagem significativa em termos de sobrevivência.

“Isso impõe sociabilidade porque você precisa de equipes para dominar seu bairro local e excluir outros times. Assim, o maior time vence”, diz Packer.

O que torna essa vida em grupo possível é que a presa de um único leão – um gnu ou uma zebra – é grande o bastante para alimentar várias fêmeas de uma vez só. “O tamanho da caça permite que eles vivam em grupos mas é a geografia o que realmente os leva a viver em grupos”, diz Packer.

Não é a mesma situação dos gatos domésticos, já que eles caçam animais pequenos. “Eles vão comê-lo inteiro”, diz Packer. “Não há comida o suficiente para dividir.”

Gatos comem um rato inteiro por vez, sem possibilidade de dividir
Gatos comem um rato inteiro por vez, sem possibilidade de dividir

Foto: Life on white/Alamy / BBCBrasil.com

Domesticação

Essa lógica econômica está tão integrada ao comportamento dos gatos que parece improvável que até mesmo a domesticação tenha alterado essa preferência fundamental por solidão.

Isso é duplamente verdade quando você leva em consideração o fato de que os humanos não domesticaram os gatos. Em vez disso, em seu próprio estilo, os gatos domesticaram a si mesmos.

Todos os gatos domésticos são descendentes dos gatos selvagens do Oriente Médio ( Felis silvestris ), o “gato-do-mato”. Os humanos não coagiram esses gatos a deixar as florestas: eles mesmos se convidaram a entrar nos alojamentos de humanos, onde havia uma quantidade ilimitada de ratos ao seu dispor.

A invasão a essa festa de ratos foi o início de uma relação simbiótica. Os gatos adoraram a abundância de ratos nos alojamentos e depósitos e os humanos gostaram do controle grátis da infestação de ratos.

Os gatos domésticos não são completamente antissociais. Mas sua sociabilidade – em relação a outro humano ou entre eles – é determinada inteiramente por eles, em seus próprios termos.

“Eles mantêm um nível alto de independência e se aproximam de nós apenas quando querem”, diz Dennis Turner, especialista em comportamento animal no Instituto de Etologia Aplicada e Psicologia Animal em Horgen, Suíça.

“Os gatos desenvolveram muitos mecanismos para se manter à parte, o que não os conduz para a vida em bando”, diz Mills. Os gatos marcam seu território para evitar encontros constrangedores entre si. Se eles acidentalmente se toparem, os pêlos são levantados e as garras saltam para fora.

Gatos domésticos têm uma tendência a brigar
Gatos domésticos têm uma tendência a brigar

Foto: blickwinkel/Alamy / BBCBrasil.com

Em determinadas circunstâncias pode parecer que os gatos domésticos adotaram a vida coletiva, como quando um grupo vive junto em um galpão. Mas não se engane. “Eles têm laços muito frouxos e não têm uma identidade real como grupo”, diz Fryxell. “Eles só gostam de ter um lugar comum para deixar seus filhotes.”

Aliás, mesmo diante de um grande perigo, quando eles se unem para se defender, é pouco provável que os gatos colaborem entre si. “Não é que algo que eles tipicamente façam quando se sentem ameaçados”, diz Monique Udell, bióloga da Universidade de Oregon (EUA).

Os gatos simplesmente não acreditam na força de um grupo. Tudo isso ajuda a explicar por que os gatos têm a reputação de dominação impossível. Ainda assim, há evidências de que o desprezo dos gatos pela vida em grupo possa ser uma fraqueza.

Caixa-preta da mente felina

Um estudo publicado em 2014 no periódico científico Journal of Comparative Psychology investigou os traços de personalidade dos gatos domésticos. A conclusão foi que manter-se solitário e desinteressado torna os gatos neuróticos, impulsivos e resistentes a ordens.

Curiosamente, no entanto, os gatos domésticos parecem capazes de cooperar um pouco mais que seus parentes selvagens. Quando os pesquisadores compararam o gato doméstico a quatro selvagens – o gato selvagem escocês, o leopardo-nebuloso, o leopardo-da-neve e os leões africanos -, os gatos domésticos foram os que mais se aproximaram dos leões em termos de personalidade.

Leoas vivem em grupo, diferentemente de outras espécie de felinos 
Leoas vivem em grupo, diferentemente de outras espécie de felinos

Foto: Africa Photobank/Alamy / BBCBrasil.com

É preciso dizer que os gatos domésticos trilharam um longo caminho a partir de seus ancestrais até aqui em termos de tolerar a companhia um do outro. Mesmo que gatos morando em galpões formem laços frouxos, eles ainda demonstram um nível impressionante de aceitação da presença do outro nesses espaços confinados.

Em Roma, cerca de 200 gatos vivem lado a lado no Coliseu, enquanto na ilha de Aoshima, no Japão, o número de gatos supera o de pessoas em uma proporção de seis para um. Essas colônias podem não ter tanta cooperação, mas estão bem avançadas em relação ao passado solitário dos gatos domésticos.

Enquanto isso, pode ser mais fácil para pesquisadores encontrar os gatos “no meio do caminho” ao realizar seus experimentos, fazendo certas concessões.

Quando Udell fez suas primeiras experiências com gatos, enfrentou uma série de dificuldades ao tentar motivar suas cobaias a participar de certa atividade. Ela já havia trabalhado com cachorros, que estariam dispostos a fazer qualquer coisa em troca de um petisco.

Os gatos, contudo, eram mais exigentes. Com o passar do tempo, Udell percebeu que teria mais sucesso se desse aos gatos a opção de escolher sua recompensa.

“Acho que parte do desafio é o quanto sabemos sobre os gatos”, diz. Se os cientistas começarem a entrar na caixa-preta que é a mente felina, a domesticação à força pode ser substituída por uma coerção mais astuta.

“Muito do comportamento animal – incluindo uma afinidade ou resistência à domesticação – é profundamente ligado ao circuito neural. Portanto, parece pouco possível deixar para trás anos de seleção natural”, diz Fryxell.

“Mas quem sabe? Obviamente, leões conseguiram essa proeza, então deve ser possível que mutações ocorram”, diz ele. “E se eles conseguiram fazer isso, talvez domesticar gatos não seja uma ideia tão maluca, afinal de contas.”

 BBC Brasil.com

Senso de justiça nos animais: Macacos e cães julgam os humanos pelo modo como tratam os outros

moralidade em cães e macacos cães julgam as pessoas ethos animal comportamento helena truksa
Os cães evoluíram para serem extremamente sensíveis ao nosso comportamento.
SolStock/Getty

 Seja gentil – ou seu cão poderá julgá-lo! Animais de estimação e macacos demonstram preferência por pessoas que ajudam os outros, e isto pode explicar as origens de nosso senso de moralidade.

Estudos envolvendo bebês demonstraram previamente que com 1 ano de idade, os humanos já estão prontos para julgarem as pessoas pelo modo como elas interagem. Isto levou a sugestões de que crianças têm um tipo de moralidade inata que antecede o fato de serem ensinadas a como se comportar.

O Psicólogo comparativo, James Anderson, na Universidade de Kyoto e seus colegas imaginaram se outras espécies fariam avaliações deste tipo de forma similar.

Eles começaram por testar se macacos prego poderiam demonstrar preferência por pessoas que ajudam os outros. Os macacos viam um ator ter muita dificuldade para abrir um pote com um brinquedo dentro.

Então este ator apresentava o pote para um segundo ator, que poderia tanto ajudar ou recusar-se a ajudar a abrir.

Na sequência, ambos os atores ofereciam comida ao macaco, e o macaco escolhia qual oferta aceitar.

Quando o companheiro foi solícito, e ajudou, o macaco não demonstrou preferência entre aceitar a recompensa de quem estava lutando para abrir o pote ou do ajudante. Mas quando o companheiro se recusou a ajudar, o macaco preferiu na maioria das vezes aceitar a comida de quem estava com dificuldades, lutando para abrir o pote.

Jogando bola

O time também investigou as atitudes dos macacos prego frente à justiça. Neste teste, dois atores começavam com 3 bolas cada. O ator A requisitava bolas do ator B, que lhe entregava 3 bolas.

Então o ator B requisitava bolas do ator A, e o A poderia devolver as 3 bolas ou nenhuma bola. Por último, ambos atores ofereciam ao macaco uma recompensa assim como anteriormente.

Os macacos não tiveram preferência quando o ator A devolvia as 3 bolas, mas escolhiam o ator B mais frequentemente quando o A não devolvia as bolas.

Finalmente, os pesquisadores testaram se os cães preferiam pessoas que ajudavam seu tutor. Cada tutor tentava abrir um pote e então o apresentava a um dos dois atores.

Este ator poderia ajudar ou recusar-se a ajudar, enquanto o outros ator permanecia neutro, passivo. Então os dois atores ofereciam ao cão uma recompensa e ele escolhia entre eles.

Os cães não demonstraram preferência quando o primeiro ator ajudava seu tutor, mas escolhiam com maior frequência o ator passivo se o primeiro ator se recusasse a ajudar.

Resposta Emocional

Anderson pensa que os resultados demonstram que os macacos e os cães fazem avaliações sociais de uma forma similar ao modo que os bebês humanos. “Se alguém está se comportando antissocialmente, eles provavelmente terminarão com algum tipo de reação emocional a ele.”, diz Anderson.

Macacos na natureza são mais propensos a utilizar processos similares para decidir com quais membros de seu grupo eles podem cooperar, diz o primatologista Frans de Waal, da Unversidade de Emory na Georgia, EUA, que já escreveu sobre as origens da moralidade.

“A probabilidade é que se estes animais podem detectar tendências cooperativas em atores humanos, eles podem também fazê-lo com seus colegas primatas”, diz ele.

A longa relação dos cães com os humanos significa que eles evoluíram para serem extremamente sensíveis ao nosso comportamento – não apenas ao dos próprios cães, mas também ao de outros humanos.

E nosso próprio senso de moralidade pode até mesmo ter suas raízes neste tipo de avaliações primitivas dos outros.

“Eu acho que nos humanos, pode haver esta sensibilidade básica ao comportamento antissocial nos outros. Então, através do crescimento, ganho de cultura e aprendizagem, se desenvolve em um senso de moralidade pleno”, diz Anderson.

A capacidade de fazer avaliações dos outros poderia ajudar a estabilizar sistemas sociais complexos, capacitando indivíduos a excluírem parceiros sociais ruins, diz Kiley Hamlin da Universidade da Columbia Britânica no Canada. ” Esta exclusão não apenas significa que os indivíduos que fazem avaliações sociais podem eles mesmos evitar interações sociais prejudiciais, mas também pode servir para desencorajar indivíduos de se comportarem mal em primeiro lugar, pois presume-se que eles não querem ser excluídos do sistema social.”, diz ela.

De Waal ve uma forte ligação entre moralidade e reputação: ” A moralidade humana é muito mais baseada na construção de reputação, pois por quê você tentaria ser bom se ninguém se importa? Eu não acho que você possa concluir que isto torna os macacos seres morais, mas “pontuação de imagem”, assim como a construção de reputação é muitas vezes chamada, promove um importante mecanismo chave.”

Tradução livre por Helena Truksa

Bióloga Especialista em Comportamento Animal

 

Journal reference: Neuroscience & Biobehavioral Reviews, DOI: 10.1016/j.neubiorev.2017.01.003 | Versão orignal em inglês: https://goo.gl/u29ehT

 

As Preferências Musicais dos Cães Domésticos

As Preferências Musicais dos Cães Domésticos reveladas pela Sony e especialistas em comportamento animal

Para celebrar o lançamento do bombástico sistema de áudio em casa de alta potência GTK-XB7 a Sony juntou-se à especialista em inteligência animal, a Dra. Dr Anna Wilkinson, para levar a cabo um estudo sobre as preferências musicais dos cães.

O estudo intitulado “As Preferências Musicais dos Cães Domésticos” da Sony revelou que um ritmo e uma batida mais acelerados têm maiores probabilidades de deixar os cães de cauda a abanar do que relaxantes concertos de música clássica, com 62% dos cães a preferir os êxitos discográficos a sinfonias clássicas.

A reprodução de um vídeo complementar permitiu visualizar o som através das reações dos animais ao estrondoso êxito de música de dança eletrónica “Animals”, da autoria de Martin Garrix, no qual alguns amigos peludos aparecem a “festejar” junto ao sistema de áudio “one box” de alta potência, GTK-XB7, que combina a tecnologia EXTRA BASS™ exclusiva da Sony com as luzes vibrantes da coluna.

A Sony, em parceria com a especialista em cognição animal, a Dra. Anna Wilkinson, avaliou as preferências musicais dos cães domésticos e apurou que preferem os mais recentes sucessos musicais do que música clássica

O vídeo intitulado “Party Animals” mostra desde o nariz de um coelho a enrugar-se ao ritmo dos baixos, cachorrinhos de pelo longo a divertirem-se ao ritmo da música e até gatos em saltos sincronizados na pista de dança.

O sistema de áudio “one box” de alta potência oferece aos apaixonados pela música um som de fazer estremecer a alma, bem como os graves mais potentes para as melhores festas em casa.

Para marcar o lançamento do sistema de áudio “one box” de alta potência GTK-XB7 ideal para festas, a Sony desenvolveu o estudo “As Preferências Musicais dos Cães Domésticos” – um estudo científico que investiga as preferências musicais dos cães domésticos e que revelou que estes preferem os êxitos musicais mais ritmados a concertos de música clássica.

Para acompanhar o estudo, a Sony desenvolveu também um vídeo e uma experiência sonora com curadoria da inovadora empresa de produção Unit 9. No vídeo “Party Animals”, o som é visualizado através das reações dos animais, com a ajuda do novo sistema de áudio “one-box” de alta potência GTK-XB7 ao ritmo do inovador êxito de música eletrónica “Animals”.

Capaz de por todos a mexer, o bombástico GTK-XB7 integra a tecnologia EXTRA BASS exclusiva da Sony, que utiliza a tecnologia DSP para garantir que a música soa e parece ainda mais potente, com notas graves profundas e incisivas que caraterizam a música eletrónica de dança da atualidade. Além disso, o GTK-XB7 dispõe de iluminação multicolor de 3 vias – luzes de linha, flashes intermitentes e luzes das colunas – em sincronização com a música, transportando a sensação de festival para qualquer festa.

O estudo – os cães preferem Beyoncé a Beethoven

Sabendo que as pessoas desfrutam mais da música junto dos seus entes queridos, a Sony resolveu descobrir que tipo de música o melhor amigo do Homem prefere ouvir – relaxantes concertos de música clássica ou êxitos de música de dança mais ritmados.

Em parceria com a especialista em cognição animal, a Dra. Anna Wilkinson, membro da Associação para o Estudo do Comportamento animal (ASAB – Association for the Study of Animal Behaviour), e a estudante de doutoramento Natalia Albuquerque, a Sony desenvolveu o estudo “As Preferências Musicais dos Cães Domésticos”. A ASAB é uma sociedade europeia que se dedica ao estudo do comportamento dos animais.

O estudo indicou existir uma forte preferência pelas músicas mais populares em detrimento da música clássica mais conhecida, com 62% dos cães a escolherem ouvir espontaneamente música moderna, comparativamente com apenas 38% dos cães a preferirem música clássica.

Quando confrontados com 10 opções de escolha entre os dois géneros musicais na tabela de preferências, os cães preferiram significativamente as músicas mais modernas, com um número mais elevado de cães a passar mais tempo junto da coluna que reproduzia música moderna mais ritmada do que junto da coluna que reproduzia música clássica, sugerindo a sua preferências pelas músicas de ritmo mais acelerado e com mais batidas.

Foram utilizados dois sistemas de áudio GTK-XB7 da Sony durante a experiência para reproduzir música moderna e música clássica para os cães, tendo as suas reações sido documentadas e comparadas.

A música foi reproduzida a partir de ambas as colunas, uma faixa em cada coluna; as músicas foram apresentadas aos pares e a colocação da coluna, bem como a ordem das combinações musicais foram aleatórias de forma a garantir resultados imparciais. Os estímulos incluíram cinco famosas músicas clássicas de compositores como Mozart e Pachelbel, bem como cinco músicas de artistas populares, desde Elvis Presley e Martin Garrix até Justin Bieber e Beyoncé.

Analisando os resultados, a Dra. Anna Wilkinson declarou: “Este estudo demonstra que existem diferenças interessantes nas preferências entre a música popular e a música clássica. Quando confrontados com uma seleção de 10 músicas de ambos os géneros musicais, os cães elegeram constantemente o sistema de áudio GTK-XB7 da Sony que reproduzia música popular em detrimento do sistema que reproduzia música clássica.”

O vídeo – “Party Animals”

Em 2015, a ciência da Cimática foi colocada à prova e, este ano, a Sony leva as experiências sonoras científicas para o próximo nível, juntando o sistema de áudio “one box” de alta potência GTK-XB7 a animais domésticos para avaliar as suas reações à música.

Para dar vida ao GTK-XB7 e a este estudo, a Sony colaborou com a Unit 9, bem como com especialistas em comportamento animal e um veterinário no local para criar um vídeo representativo das dimensões e do âmbito de uma festa com o GTK-XB7 através do contraste com uma série de animais domésticos.

O vídeo retrata gatos, cães e coelhos em espetaculares imagens de 1000 fps (frames por segundo) em câmara super lenta à medida que estes reagem à música reproduzida, destacando cada funcionalidade do produto através de uma série de “cenários”.

Os jatos de ar recriam a impressionante pressão do som do sistema GTK-XB7, enquanto a iluminação do ambiente combina com os LED e flashes multicolores da coluna. Um dos destaques deste vídeo é a ênfase dado à tecnologia EXTRA BASS™ através de um gato persa que repousa tranquilamente sobre a coluna à medida que esta vibra ao ritmo da música num subwoofer exposto.

O potencial festivo da coluna é ainda destacado numa cena em que animais secos e molhados, incluindo cães da raça Basset Hound, Puli, Chow-Chow, gatos persas e coelhos dançam e sacodem-se ao ritmo da música.

Alberto Ayala, Diretor de Vídeo e Som na Sony Europe, afirmou sobre o vídeo: “O XB7 tem tudo a ver com diversão; a portabilidade, a pressão do som, a iluminação e a tecnologia EXTRA BASS™ significam que é possível desfrutar de uma festa de classe superior onde desejarmos. Para marcar o lançamento das novas colunas de elevada potência queríamos elevar a diversão para novos patamares – e poderá haver algo melhor do que convidar os nossos amigos de quatro patas para participar das festividades?!”

Making of:

fonte: https://www.telemoveis.com

Evolução e comportamento animal césar ades palestra 2010 video

Evolução e Comportamento Animal – Palestra Prof. César Ades

Palestra do saudoso Professor César Ades, do Instituto de Psicologia da USP, intitulada “Evolução e Comportamento Animal”, realizada durante a comemoração do aniversário de Charles Darwin no Museu de Zoologia, ano de 2010.

Nesta palestra, Prof. César dá um apanhado geral sobre comportamento animal, sua relação com a evolução biológica, e comenta sobre alguns resultados de suas pesquisas e de seus alunos.

Algumas partes prévias e posteriores à palestra foram deixadas propositalmente, como um registro e recordação da imagem e palavras do Prof. César.

Realizada no dia 27 de fevereiro de 2010

Sobre a consciência animal

Em julho de 2012, um grupo de cientistas reunidos na Universidade de Cambridge proclamou que humanos não são os únicos seres conscientes. “Animais não-humanos como mamíferos e aves, e vários outros, incluindo o polvo, também possuem as faculdades neurológicas que geram consciência animal”, declarou o grupo, na chamada Declaração de Cambridge. Minha primeira reação foi de total incredulidade. Nós realmente precisávamos de um anúncio para definir algo tão óbvio?

Todo mundo sabe que os animais têm consciência. Eles percebem e entendem seu entorno. E muitos, entre eles golfinhos, elefantes e alguns pássaros, são inclusive auto-conscientes. Eles possuem um certo senso de si. Ok, pode ser que um cachorro não saiba quem é do mesmo jeito que eu e você sabemos quem somos. Mas o ponto é: mesmo que não saibam quem são, eles têm consciência de sua própria dor. Foi o que aconteceu comigo quando tive um acidente de bicicleta: bati a cabeça e tive amnésia. Quando o médico me perguntou como me sentia, eu disse: “Estou sentindo muita dor”. E quando ele perguntou quem eu era, respondi: “Não lembro meu nome.” Da mesma forma, é errado fazer um animal sofrer só porque ele pode não saber quem é.

Os pesquisadores descobriram mais do que isso. Sabemos, por exemplo, que ratos e galinhas sentem empatia. Eles conseguem se colocar no lugar dos bichos ao redor e sentem pena ao vê-los sofrer. Elefantes vivenciam alegria, luto e depressão. Lamentam a perda dos amigos, assim como os cães, chimpanzés e raposas vermelhas. Os polvos foram protegidos de pesquisas invasivas no Reino Unido bem antes dos chimpanzés, pois os cientistas já haviam reconhecido que eles são conscientes e sentem dor. Hoje muita gente ainda não quer admitir esses fatos científicos, pois terão de mudar a forma como tratam os animais. Na verdade, temos de tratar todos os animais da mesma forma, com compaixão e empatia – sejam eles os “animais humanos” como nós, sejam todas as outras espécies.

Não estou falando apenas dos abatedouros – embora seja óbvio que, se houvessem mais vegetarianos no mundo, menos animais sofreriam. Estima-se que 25 milhões de ratos, pássaros, peixes e outros animais sejam usados todo ano em experimentos de laboratório. Muitos passam por um sofrimento terrível durante os testes e a maioria sofre “eutanásia” – são mortos – depois. As pessoas justificam atitudes assim dizendo que vão ajudar os humanos. No entanto, mais de 90% das drogas que funcionam em animais não têm o mesmo efeito em nós. Menos de 10% delas nos ajudam de fato. Além disso, já existem formas de pesquisa que não maltratam os animais. Em lugar de gotejar xampu nos olhos de coelhos imobilizados, por exemplo, podemos usar modelos de computador para simular a ação do produto sem dano algum. Portanto, não se trata apenas de um desperdício de animais; é um desperdício de tempo e dinheiro que poderiam ser investidos em outras alternativas.

Por isso, concluí que devemos aplaudir a Declaração de Cambridge. Ela não traz nada de novo, mas mostra que cientistas famosos finalmente admitem que animais têm consciência. A declaração é mais uma prova de que devemos tratar os animais com todo o respeito. E reconhecer que eles não querem sentir dor, do mesmo jeito que nós não queremos. Seria perigoso fazer esse tipo de distinção. Todos os animais devem ser tratados como indivíduos. Ainda vai levar tempo para que isso aconteça. Mas a boa notícia é que cada vez mais pessoas aderem a essa ideia.

Por Marc Bekoff – professor de ecologia e biologia evolutiva na Universidade do Colorado, EUA. É autor de O Manifesto dos Animais, entre outros livros. Em depoimento a Eduardo Szklarz.

Declaração de Cambridge Sobre a Consciência*

No dia 7 de julho de 2012, um proeminente grupo internacional de especialistas das áreas de
neurociência cognitiva, neurofarmacologia, neurofisiologia, neuroanatomia e neurociência
computacional reuniu-se na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, para reavaliar os
substratos neurobiológicos da experiência consciente e comportamentos relacionados à ela,
tanto em animais humanos como não humanos. Embora a pesquisa comparativa nessa área
seja naturalmente difícil devido à incapacidade dos animais não humanos, e muitas vezes dos
humanos, de comunicar de forma clara e fácil seus estados internos, as seguintes observações podem ser afirmadas inequivocamente:

• O campo de pesquisa sobre a consciência está evoluindo rapidamente. Inúmeras técnicas e
estratégias novas para a pesquisa com animais humanos e não humanos têm sido desenvolvidas. Consequentemente, mais dados estão se tornando disponíveis, e isso exige
uma reavaliação periódica de conceitos previamente aceitos nesse campo. Estudos com
animais não humanos têm mostrado que circuitos cerebrais homólogos, correlacionados com
a experiência e a percepção conscientes, podem ser seletivamente ativados e interrompidos
para avaliar se são necessários, de fato, para essas experiências. Além disso, novas técnicas
não invasivas já estão disponíveis para investigar os correlatos da consciência em seres
humanos.

• Os substratos neurológicos das emoções não parecem estar confinados às estruturas
corticais. De fato, redes neuronais subcorticais estimuladas durante estados afetivos em
humanos também são de importância crucial na geração de comportamentos emocionais em
animais. A estimulação artificial das mesmas regiões cerebrais gera comportamentos e estados emocionais correspondentes tanto em animais humanos quanto não humanos. Em qualquer parte do cérebro de animais não humanos em que sejam induzidos comportamentos emocionais instintivos, observa-se que muitos dos comportamentos resultantes são consistentes com estados emocionais aprendidos, incluindo aqueles estados internos que estão relacionados aos mecanismos de recompensa e punição. A estimulação cerebral profunda desses sistemas em humanos também pode gerar estados afetivos semelhantes.

Sistemas associados ao afeto concentram-se em regiões subcorticais, onde abundam
homologias neuronais. Animais humanos e não humanos jovens sem neocórtex retêm essas
funções cérebro-mente. Além disso, circuitos neuronais que tornam possíveis os estados
comportamentais e eletrofisiológicos relacionados à atenção, ao sono e à tomada de decisões parecem ter surgido muito cedo na evolução, ainda na radiação dos invertebrados, sendo evidentes em insetos e moluscos cefalópodes (como, por exemplo, os polvos).

• As aves parecem apresentar, em seu comportamento, neurofisiologia e neuroanatomia, um
caso notável de evolução paralela da consciência. Evidências contundentes de níveis quase
humanos de consciência têm sido observadas em papagaios-cinzentos africanos. As redes
emocionais e os microcircuitos cognitivos de mamíferos e aves parecem ser muito mais
homólogos do que se pensava anteriormente. Além disso, descobriu-se que certas espécies de pássaros exibem padrões neuronais de sono semelhantes aos dos mamíferos, incluindo o sono REM e, como foi demonstrado em pássaros mandarins, padrões neurofisiológicos que
anteriormente se acreditava que requeriam um neocórtex como o dos mamíferos. As aves
pega-rabuda em particular demonstraram exibir semelhanças notáveis com humanos, grandes símios, golfinhos e elefantes em estudos de autorreconhecimento no espelho.

• Em humanos, o efeito de certos alucinógenos parece estar associado a uma perturbação nos processos de alimentação e retroalimentação corticais. Intervenções farmacológicas em
animais não humanos com compostos que sabidamente afetam o comportamento consciente em humanos podem levar a perturbações semelhantes no comportamento de animais não humanos. Em humanos, há evidências que sugerem que a consciência está correlacionada com a atividade cortical, o que não exclui possíveis contribuições de processos subcorticais ou corticais primitivos, como no caso da experiência visual. Evidências de que as sensações emocionais de animais humanos e não humanos surgem a partir de redes cerebrais subcorticais homólogas fornecem provas convincentes para a existência de qualidades afetivas das experiências individuais (qualia) primárias compartilhadas ao longo de um processo evolutivo comum.

Declaramos o seguinte: “A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de
consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais.

Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo os polvos, também possuem esses substratos neurológicos.”

 

*A Declaração sobre a Consciência de Cambridge foi redigida por Philip Low e editada por Jaak Panksepp, Diana Reiss, David Edelman, Bruno Van Swinderen, Philip Low e Christof Koch. A Declaração foi anunciada publicamente em Cambridge, Reino Unido, em 7 de julho de 2012, na Conferência sobre a Consciência em Animais Humanos e não Humanos em memória a Francis Crick, realizada no Churchill College da Universidade de Cambridge, por Low, Edelman e Koch. A Declaração foi assinada por todas as pessoas participantes da conferência, naquela mesma noite, na presença de Stephen Hawking, no Salão Balfour do Hotel du Vin, em Cambridge, Reino Unido. A cerimônia de assinatura foi filmada para a
posteridade pela CBS 60 Minutes.

 

choros de bebês

O choro de um bebê transcende a espécie

Se uma mãe está fora fazendo compras e ela ouve uma jovem criança chorosa chamando “Mamãe!!”, ela imediatamente dará meia volta para ver de onde vem o som. Isto ocorre quase todas as vezes, mesmo que ela saiba que seu próprio filho está em casa ou na escola. Esta habilidade de reconhecer e responder ao “chamado de stress” dos filhos de outra pessoa não está limitada apenas aos seres humanos. Após perceber que a maioria dos bebês mamíferos tem choros que soam muito parecidos, Susan Lingle da Universidade de Wiinipeg elaborou um estudo e descobriu que veados selvagens no Canadá respondem ao choro de diversas espécies de mamíferos. Estes resultados foram publicados no periódico científico The American Naturalist.

Enquanto os cães têm sido conhecidos por responder ao choro de um bebê humano, não está claro se isto ocorre em decorrência de um atributo comum ao choro de todos os bebês mamíferos ou simplesmente por conta da familiaridade decorrente de milhares de anos de domesticação. Para remover qualquer chance da familiaridade estar afetando o estudo, Lingle e Tobias Riede da Midwestern University obtiveram gravações de choros de stress de filhotes mamíferos de espécies separadas por dezenas de milhões de anos de história evolutiva. As gravações foram tocadas para o veado selvagem através de alto-falantes e incluídos os choros de filhotes de focas, marmotas, gatos, morcegos e humanos.

Quanto os choros estavam dentro de uma faixa na qual veados fêmea estavam acostumadas a ouvir de sua própria prole, elas se demonstraram rápidas em tentar localizar o filhote da gravação, independentemente de qual espécie ele fosse. Se os chamados estivessem fora da faixa de frequência desejada, o choro chamaria a atenção da corça, mas ela não se moveria na direção do som. Se os pesquisadores ajustassem a frequência para recair dentro da faixa e não manipulassem a gravação de nenhuma outra forma, a corça responderia rapidamente e tentaria localizar o bebê.

Os pesquisadores também tocaram sons de veados adultos e predadores locais, incluindo coiotes, que não provocaram uma resposta. Adicionalmente, o veado não respondeu aos chamados de stress de aves canoras ou a chamados que estivessem dentro da faixa de frequência sonora desejada, mas sem a mesma estrutura encontrada nos choros naturais de filhotes mamíferos.

Ainda que haja diferenças em frequência e duração entre as espécies, há também características que têm sido evolutivamente conservadas.

Parece que, muito cedo na história dos mamíferos, as mães necessitaram proteger seus bebês e protegê-los rápido. Um tom que poderia ter causado a resposta mair rápida poderia ter sido altamente selecionado para tal, e poderia ter se tornado altamente conservado através da história. Os pesquisadores sugerem que isto seja um exemplo de sensibilidade inter-espécies que não esteja vinculada a empatia humana ou familiaridade. Isto pode significar que existam também outras áreas do comportamento e emoção sujeitas a transcender as espécies.

cacatua de goffin

Cacatuas aprendem como fazer e utilizar ferramentas através de observação

Figaro, uma cacatua de Goffin (Cacatua goffini) mantida em um laboratório de pesquisa na Áustria, atordoou os cientistas alguns anos atrás, quando ele começou espontaneamente a fazer ferramentas (pequenas varinhas) a partir de placas de madeira disponíveis em seu aviário.

Os papagaios da Indonésia não são conhecidos pelo uso de ferramentas em vida selvagem, ainda  que Figaro ativamente empregou suas varetas para retirar nozes de uma caixa aramada. Imaginando se as cacatuas companheiras de Figaro poderiam aprender através da observação de seus métodos, os cientistas planejaram experimentos para uma dúzia delas. Um grupo observava enquanto Figaro utilizava a vareta para alcançar a noz colocada dentro de uma caixa acrílica com uma tela de arame no painel frontal; outras viram “demonstradores fantasma”- ímãs que foram escondidos abaixo da mesa, controlados pelos pesquisadores – retirar as recompensas. Cada ave foi então colocada em frente à caixa, com uma vareta igual a de Figaro nas proximidades. O grupo de três machos e três fêmeas que assistiram Figaro também pegaram as varetas, e fizeram alguns esforços relembrando as suas ações.

Mas apenas aqueles três machos se tornaram proficientes com a ferramenta e retiraram com sucesso as nozes, os cientistas publicaram online no dia 02 de Setembro de 2014, no periódico científico Proceedings of the Royal Society B. Nenhuma das fêmeas tiveram o mesmo sucesso; nenhuma das aves, machos e fêmeas, no grupo do demonstrador fantasma teve êxito também.

Devido ao insucesso total do último grupo, o estudo demontra que as aves precisam de professores vivos, dizem os cientistas. Intrigantemente, os observadores inteligentes desenvolveram uma técnica melhor que a de Figaro para alcançar a recompensa (noz). assim, as cacatuas não estavam copiando exatamente suas ações, mas sim, estavam emulando-as – uma distinção que implica em algum grau de criatividade.

Duas das cacatuas bem sucedidas receberam a oportunidade, posteriormente, de fabricar suas próprias ferramentas. Uma delas o fez imediatamente (como visto no video abaixo), e a outra foi bem sucedida após observar Figaro.

Pode ser que através do aprendizado de como usar uma ferramenta, as aves sejam estimuladas a fabricar suas próprias ferramentas, dizem os cientistas.

Tradução por Helena Truksa

Fonte: http://news.sciencemag.org/plants-animals/2014/09/cockatoos-can-learn-each-other-how-make-and-use-tools

arrependimento em ratos experimento comportamento animal

Ratos demonstram sentir arrependimento sobre más decisões

 

Ratos demonstram sentir arrependimento quando suas ações os fazem perder melhores opções de comida, revela estudo.

É a primeira vez que o “arrependimento” é identificado em mamíferos não humanos.

Os pesquisadores criaram situações onde ratos deveriam escolher quando esperar um determinado período de tempo para receber uma recompensa de comida, ou então mover-se para outra.

Aqueles que se moveram e descobriram que a próxima oferta era ainda pior demonstraram comportamento de arrependimento.

O estudo foi conduzido por neurocientistas da Universidade de Minnesota, USA; suas descobertas foram publicadas na revista científica Nature Neuroscience.

Isto sugere que pensamentos similares ao arrependimento podem afetar as futuras decisões que os roedores fazem e refuta a crença de que o arrependimento é exclusivo dos humanos.

O professor David Redish, da equipe científica americana, disse que é importante diferenciar “arrependimento” de “desapontamento”.

“Arrpendimento é o reconhecimento de que você cometeu um erro, que se você tivesse feito algo mais teria se saido melhor”, ele diz.

“A parte mais difícil é que temos que separar desapontamento, que é quando as coisas não saem tão bem quanto o esperado. A chave foi deixar que os ratos escolhessem.”

Eles desenvolveram uma tarefa chamada Fila do Restaurante, na qual os ratos decidiam quanto tempo deveriam esperar para diferentes tipos de comida, durante uma sessão de 60 minutos.

“É como esperar em uma fila no restaurante,” professor Redish diz. “Se a fila está longa demais no restaurante Chinês, então você desiste e vai ao Indiano do outro lado da rua.”

Tradução: Helena Truksa

fonte: http://richarddawkins.net/2014/06/rats-shown-to-feel-regret-over-bad-decisions/